Sousândrade (1833 - 1902)
Sousândrade (1833 - 1902)
Joaquim de Sousa Andrade, mais conhecido como Sousândrade, nasceu e faleceu no Maranhão, porém, viveu grande parte da sua vida entre o Brasil, a Europa e os Estados Unidos.
Autor de vasta obra, seu trabalho mais
importante é fruto de suas viagens, responsáveis pelo contato com
realidades diferentes ao redor do mundo. O aspecto que mais o diferencia
dos outros poetas brasileiros é a originalidade da sua poesia,
principalmente com relação à ousadia de vocabulário com o uso de
palavras em inglês e neologismos, bem como de palavras indígenas. Além
disso, a sonoridade dos poemas também rompe com a métrica e com o ritmo
tradicionais, o que despertou a atenção da crítica literária do século
XX.
Seu trabalho, então esquecido, foi
resgatado na década de 1960 pela crítica literária, principalmente pelos
poetas Haroldo e Augusto de Campos, responsáveis pela análise de sua
obra.
Seu poema mais famoso é o Guesa Errante,
escrito entre 1858 e 1888, composto por treze cantos e inspirado em uma
lenda andina na qual um adolescente, o Guesa, seria sacrificado em
oferecimento aos deuses. O índio, porém, consegue fugir e passa a morar
em uma das maiores ruas de Nova York, a Wall Street. Os sacerdotes que o
perseguiam estão agora transformados em capitalistas da grande cidade
de Nova Iork e ainda querem o sangue do Guesa, que vê o capitalismo
consollidado como uma doença.
Dotada de pinceladas autobiográficas, o Guesa Errante denuncia o drama dos povos indígenas à exploração dos povos europeus.
Veja um trecho do poema:
(...)
"Nos áureos tempos, nos jardins da América
Infante adoração dobrando a crença
Ante o belo sinal, nuvem ibérica
Em sua noite a envolveu ruidosa e densa.
"Cândidos Incas! Quando já campeiam
Os heróis vencedores do inocente
Índio nu; quando os templos s'incendeiam,
Já sem virgens, sem ouro reluzente,
"Sem as sombras dos reis filhos de Manco,
Viu-se... (que tinham feito? e pouco havia
A fazer-se...) num leito puro e branco
A corrupção, que os braços estendia!
"E da existência meiga, afortunada,
O róseo fio nesse albor ameno
Foi destruído. Como ensanguentada
A terra fez sorrir ao céu sereno!
fonte: http://www.soliteratura.com.br/romantismo/romantismo09.php
Infante adoração dobrando a crença
Ante o belo sinal, nuvem ibérica
Em sua noite a envolveu ruidosa e densa.
"Cândidos Incas! Quando já campeiam
Os heróis vencedores do inocente
Índio nu; quando os templos s'incendeiam,
Já sem virgens, sem ouro reluzente,
"Sem as sombras dos reis filhos de Manco,
Viu-se... (que tinham feito? e pouco havia
A fazer-se...) num leito puro e branco
A corrupção, que os braços estendia!
"E da existência meiga, afortunada,
O róseo fio nesse albor ameno
Foi destruído. Como ensanguentada
A terra fez sorrir ao céu sereno!
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